quarta-feira, 2 de abril de 2014

Reticências

Postado por Unknown às 23:42
É uma sala um tanto pequena para a quantidade de informações que são encarceradas ali. Estantes de ferro, algumas mesas e enormes janelas de madeira. Há um balcão no canto direito, um mini teatrinho (creio eu que para os alunos do turno da tarde) e dezenas de livros para serem devorados.
O lugar é estranhamente convidativo e aconchegante. Queria que muitos tivessem o prazer de estar no meu lugar agora, neste momento. Almejo ter a capacidade de um dia possuir todas essas histórias e todo esse mundo, aqui, dentro de mim.
E da janela central, diferentes feixes de luz iluminam a primeira estante a esquerda. É nela que se repousam todos os livros com a letra M. Machado, com certeza, encontra-se lá, reinando entre todos os demais. Esqueci de dizer o quanto sou apaixonada com a escrita do "Senhor Assis". Acho que ler qualquer uma de suas obras é algo imprescindível para todos que ambicionam ter algum nível intelectual. Confesso também, desde já, meu fascínio por "Bentinho" e "Brás Cubas".
Um pouco mais a frente, perto da porta, há a estante C, com outros dois amores meus: Clarice Lispector e Caio Fernando de Abreu. A escrita dura e amarga deste último em "Morangos Mofados"é algo que encanta-me os olhos e orgulha-me em ter o privilégio de tê-lo na estante lá de casa. Este foi um dos meus primeiros livros, juntamente com "Felicidade Clandestina" de Lispector.
Algo que gostaria de compartilhar também, querido leitor, é que na maioria das vezes o livro é que escolhe quem irá lê-lo. O que eu quero dizer com isso? Bom, digamos que a minha curta experiência, um pouco vasta em comparação a algumas garotas da minha idade, já colocou-me no caminho de muitos livros. Nem sempre encanto-me de imediato, mas aos poucos, eles "vão" me cativando, cada um com suas próprias singularidades.
Alguns demoram meses para acostumarem-se com a estranha que lê suas páginas e outros deixam-me decifrá-los em um dia. E a cada final de história, a cada página lida, a cada livro terminado, posso dizer que sinto-me mais completa. É como um espelho quebrado que está juntando os seus cacos aos poucos.
Por fim, querido leitor, desejo-lhe todas as histórias possíveis, com múltiplas continuações e inusitados desfechos. Desejo-lhe, também, uma excelente xícara de cappuccino, algumas bolachas e principalmente, que um dia encontre o livro da sua vida.

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